sexta-feira, 23 de outubro de 2009

O mundo está ao contrário e ninguém reparou?

Às vezes me deparo com certas situações em que termino a reflexão com aquela boa e velha frase do Nando Reis: “É isso mesmo? O mundo está ao contrário e ninguém reparou?”.

No último dia 17 de outubro, o Rio de Janeiro viveu um dia de caos completo quando, em meio a uma guerra de traficantes, bandidos atiraram e derrubaram um helicóptero da polícia. Sociedade em choque, todos clamando por providências das autoridades e resposta imediata para que a cidade seja mais segura até 2016, quando teremos de estar com a casa limpa para receber as Olimpíadas. Beleza! O que ninguém fala é que todo esse caos poderia ter sido evitado se a Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro tivesse dado ouvidos à sua inteligência que previa vários dias antes a possibilidade de invasão de traficantes do Comando Vermelho ao Morro dos Macacos, dominado por membros da ADA.

Mas o que aconteceu? O secretário José Mariano Beltrame disse que seria impossível vigiar todas as entradas e saídas do morro. Hein? Não tem efetivo para vigiar uma das favelas da cidade? É isso mesmo? Ou é melhor deixar que os traficantes se matem primeiro que depois a gente entra e limpa a sujeira?

Depois da casa arrombada, fala-se em correr atrás do prejuízo, achar quem derrubou o helicóptero que vitimou dois policiais e prender o traficante que teria comandado a baderna. Hein? Só isso? A polícia corre atrás apenas do traficante que atirou no helicóptero? Ninguém vai correr atrás do prejuízo dos três jovens que moravam nos Macacos e que foram assassinados por traficantes quando voltavam para casa? Até agora, em 22 de outubro de 2009, foram contabilizadas 33 mortes desde que os conflitos começaram. A maioria desses mortos é de traficantes que, se não se mataram uns aos outros, foram mortos pela polícia. Mas também tem muito inocente, vítima de bala perdida ou achada que entrou para a estatística. E o prejuízo deles, ninguém compra? A secretaria não vai investigar? Não vai colocar o efetivo na rua para prender os culpados?

No dia 18, o coordenador de projetos sociais do AfroReggae, Evandro João da Silva, foi assaltado e morto nas ruas do Centro do Rio. Por ser uma pessoa pública e ligada a uma ONG que está cobrando respostas por sua morte, a investigação saiu. Veio rápido e revelou, infeliz e estupidamente, que ele não foi vítima de uma só violência, não. Foi vítima de várias ao ser negligenciado por policiais que deveriam socorrê-lo, prender os criminosos que o vitimaram e devolver a ele, caso vivesse, ou à sua família, os objetos que lhe foram subtraídos. Como já sabemos, nada disso aconteceu. O pior é saber que, os absurdos do caso, só vieram à tona por causa da importância da pessoa envolvida. Mas quem vive no Rio de Janeiro, está careca de saber que casos assim acontecem quase todos os dias. Policiais pedem uma graninha para liberar na blitz, um café para deixar passar isso ou aquilo ou assaltam mesmo protegidos pela farda do estado. Não faço generalizações. Acredito nas exceções, mas não está dando para viver refém da maioria.

Diante de tantos absurdos, o que me choca nem é mais a situação em si, mas perceber que a sociedade faz as perguntas erradas na hora de constatá-la e cobrar providências das autoridades. Não é para reclamar que a bala perdida está invadindo o seu apartamento. É para reclamar que estão trocando tiros e pode ter uma pessoa morrendo em um canto da cidade, qualquer que seja ele, inclusive na favela. Não é para reclamar que deixaram um corpo dentro de um carrinho de supermercado no meio de um dos bairros mais movimentados do Rio de Janeiro. É para reclamar da quantidade de corpos que tombam todos os dias pela cidade, nas calçadas, nas valas, nos microondas... aqueles que nem sempre são achados.

Não é para afiançar o sentimento de vingança dos policiais que tiveram seus companheiros mortos na queda da aeronave (e dos quais lamento a morte e me solidarizo com suas famílias). Uma sociedade que acredita na lei do olho por olho, dente por dente, não pode ter nenhum outro futuro senão o caos. Condição bem próxima da que já vivemos. Até quando faremos as perguntas erradas? É isso mesmo? O mundo está ao contrário e ninguém reparou?

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Programa, garoto de programa

Conversando com uma amiga dia desses, ela me trouxe conclusões preciosas sobre o lugar da mulher moderna nesse mundo tão moderno quanto. Ela falava sobre a falta de sexo e sobre a necessidade de recorrer a algum tipo de serviço profissional pago. Perguntei se era isso mesmo, se tinha coragem e tudo o mais e, do alto de sua experiência, ela falou que esses melindres era para os homens. Que eles, sim, hoje em dia, tinham vergonha de admitir que pagavam pelos serviços de uma profissional. Ainda mais quando se tem mulher às pencas. Mas que para as mulheres era a solução. Ela explicava que mulheres que se metem a conseguir sexo por uma noite tendem a encontrar homens maliciosos, que tendem a mascarar a situação e a enganar as mesmas com promessas de amor eterno ou de ligação no dia seguinte. Dizia ainda que, mesmo que os perigos que cercam uma mulher moderna não fossem esses, seria a língua do povo, que desde a Idade Média continua a mesma. Daí que, com um profissional, existe a garantia de um serviço seguro, sem inconfidências, sem rodeios e com a possibilidade do dinheiro de volta, caso a satisfação não seja garantida. Prática, não? É isso mesmo? Manifestem-se, babies!

terça-feira, 6 de outubro de 2009

‘Vai novinha’ X ‘Panela velha é que faz comida boa’

O blog da jornalista Patrícia Kogut divulgou hoje uma prévia do que vai rolar no programa “Amor & Sexo”, que terá a participação de Susana Vieira. Até ai morreu neves, o que me chamou atenção nessa história foi uma das declarações da atriz no programa. Ela disse: “A mulher madura quer ser desejada, não amada. Quem gosta de ser amada é a mulher mais jovem porque ela já sabe que é desejada”.

Generalizações a parte, acho que a declaração de Susana na verdade exprime uma realidade que muitas mulheres só estão se dando conta agora, 49 anos depois da revolução sexual: mulher mais velha faz sexo melhor. Ela tem mais desejo, vontade de realizar esse desejo independente de amor (talvez daí venha a constatação de Su Vieira) e conhece melhor o seu corpo. A mulher madura só tem um problema: achar alguém que queira comê-la. Essa afirmação não tem nenhum traço de preconceito, é só uma constatação a partir de uma sociedade que cada vez mais prima pelo novo, pelo jovem e descarta o velho. Assim, mesmo sob o chamariz de que o sexo com uma mulher mais velha seria muito melhor, a maioria dos homens (lembre-se: sem generalizações) prefere uma viagem quase rumo à pedofilia como forma de se auto-afirmarem.São os funks com versos de “vai novinha” sobrepondo o forró que dizia que “panela velha é que faz comida boa” e uma legião de amantes insaciáveis do sexo feminino a ver navios.