segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Das dificuldades de ser imprensa


Quando você entra na faculdade de jornalismo aprende, já nas primeiras lições, que não vai ter vida fácil. Não vai ter horário certo para trabalhar, vai ser chamado de urubu quando tiver que cobrir alguma desgraça que tenha acontecido, e também vai enfrentar a incompreensão da família diante de tão conturbada carreira.

Mas no último fim de semana, aprendi um novo capítulo das dificuldades de ser imprensa.

Cobrindo o 53ª Festa do Peão de Boideiros de Barretos, tive que conviver com uma sala de imprensa que fechava às 23h, mesmo existindo profissionais trabalhando no local ao longo da madrugada em que o evento acontecia, e também tive que trabalhar às escuras.
Como eu e o fotógrafo deixamos o lap top no local, eles esperavam que voltássemos, mas apagavam as luzes da sala. Ao ouvirem nosso questionamento sobre aquela situação, em geral respondiam:

“Não podemos acender as luzes. Senão, as pessoas vão achar que estamos funcionando e vão querer entrar na sala. Estamos abrindo uma exceção pra vocês.”

Ou seja, trabalhar no escuro, só com a iluminação que vinha da tela do lap top, virou privilégio.

Sempre entendi a falta de horários no jornalismo. Afinal, notícia não tem hora pra acontecer. Nunca entendi ser chamado de urubu, já que estamos apenas satisfazendo a curiosidade daqueles que vão comprar as notícias no dia seguinte. Mas trabalhar no escuro já é demais. O primeiro degrau para a degradação completa de uma categoria que já tem muito pouco para perder, e que trabalha mesmo por paixão.

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