sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Amor nos tempos de cólera ou curando de vez o bloqueio da leitura

Ainda me restabelecendo do meu pós-bloqueio de ler, resolvi retomar a leitura de “Amor nos Tempos de Cólera”, do Gabriel García Márquez, que, sei lá por que, parei de ler... Enfim, abrindo a página na qual havia parado a leitura, deparei-me com o texto abaixo. Vejam só se não é para nunca mais largar os livros ...rs

“A viúva de Nazaret nunca faltou aos encontros ocasionais com Florentino Ariza, nem nos seus tempos mais atarefados, e nunca teve pretensões a amar e ser amada, embora sempre nutrisse a esperança de encontrar algo que fosse como o amor, mas sem os problemas do amor. Algumas vezes era ele quem ia à sua casa, e então gostavam de se empapar de espuma de salitre no terraço do mar, contemplando o amanhecer do mundo inteiro no horizonte. Ele se empenhou a fundo em ensinar a ela todas as safadezas que tinha visto outros fazerem pelos buracos nas paredes do hotel suspeito, assim como as fórmulas teóricas apregoadas por Lotário Thugut em suas noites de farra.

Incitou-a a se deixar ver enquanto faziam o amor, a trocar a posição convencional do missionário pela da bicicleta de mar, ou do frango assado, ou do anjo esquartejado, e estiveram a pique de acabar com a vida ao se arrebentarem os punhos quando procuravam inventar algo diferente numa rede. Foram lições estéreis. Pois a verdade é que ela era uma aprendiz temerária, mas carecia do talento mínimo para a fornicação dirigida. Nunca entendeu os encantos da serenidade na cama, nem teve um instante de inspiração, e seus orgasmos eram inoportunos e epidérmicos: uma trepada triste. Florentino Ariza viveu muito tempo na ilusão de ser o único, e ela lhe dava o gosto de acreditar nisso, até que teve a má sorte de falar dormindo. Pouco a pouco, ouvindo-a dormir, ele foi recompondo aos pedaços a carta de navegação dos seus sonhos, e se meteu por entre as ilhas numerosas de sua vida secreta. Assim ficou informado de que ela não pretendia se casar com ele, mas se sentia ligada à sua
vida pela gratidão imensa que lhe devia por tê-la pervertido. Muitas vezes disse a ele:

— Adoro você porque você me tornou puta.

Dito de outra maneira, não lhe faltava razão. Florentino Ariza a despojara da virgindade de um casamento convencional, mais perniciosa do que a virgindade congênita e a abstinência da viuvez. Ele lhe ensinara que nada do que se faça na cama é imoral se contribui para perpetuar o amor. E algo que havia de ser desde então a razão de sua vida: convenceu-a de que a gente vem ao mundo com as trepadas contadas, e as que não se usam por qualquer motivo, próprio ou alheio, voluntário ou forçado, se perdem para sempre.”

7 comentários:

valmir disse...

E 100 anos de solidão, esse vc já terminou? Livrão, qq um do Garcia!

Eliane Santos disse...

Nossa.. Amo "Cem Anos..." Amo...
Também já li "Memórias de Minhas Putas Tristes"

Vv me recomenda algum? Saudades de trocar impressões sobre livros com vc..rs

valmir disse...

Algum outro do Garcia que vc quer? 'Noticias de um sequestro'. Li um do Llosa recentemente que é do seu gosto, Elogio da Madrasta. Leia!

Eliane Santos disse...

Oba!!! Vou procurar pra ler... ou vc tem pra me emprestar?

ale disse...

estou pra pegar o 'memórias..' emprestado. e no site do trocando ivros peguei um de literatura erótica.. ja q vc guardou a sete chaves o livro que a sara de emprestou!!!

Eliane Santos disse...

Calmaaaaaa, vou terminar de ler e liberarrrrr

Sambeira disse...

amor nos tempos do cólera to na filaaaa...rs