sexta-feira, 13 de março de 2009

Mais uma de amor

Ontem fui encontrar com a Clarice - uma das minhas melhores amigas -, e, além dos assuntos nossos de cada dia ( namoros, família e trabalho) acabamos falando também de nossas últimas descobertas cinematográficas. Na quarta-feira, fomos ver “O Lutador”, saí do filme achando que a melhor coisa do longa era o corpão da Marisa Tomei, que aos 44 anos bate um bolão nas cenas de pole dance, e a frase do Randy dizendo que as músicas dos anos 80 eram incríveis, “mas aí veio o Kurt Cobain e estragou tudo”... sensacional..rs

Também descobri que a Clarice, aquele anjinho que lembra a Ana Paula Arósio, gostou do filme porque se amarra em Vale Tudo... Tipos: filme de luta, porrada, anjinho gosta... Ainda não me recuperei dessa revelação.. RS

Mas enfim... Todo esse nariz de cera para dizer que, lá pelas tantas, Cla comentou do “Quem quer ser milionário”, que é S-E-N-S-A-C-I-O-N-A-L, e que sentia falta de mais histórias assim, que não fossem sempre a mesma coisa, nem a mesma turma de Hollywood.

Enfim... Conversa vai e conversa vem, lembrei de uma história de família que daria um filminho bem bonitinho. Um água-com-açúcar que a gente pensa que não acontece por aí, mas acontece, sim.

Trata-se da história da minha avó materna, Maria, com a do meu avô, Severino. Ele era cego e tocava sanfona na rua para descolar um dinheirinho. Minha avó tinha um ponto de venda de caldo de cana. Acho que os dois ficavam próximos. Daí, sabe como é, né? Conversa vai, conversa vem, e o ceguinho ganhou Dona Maria no papo (risos). Eles já tinham sido casados anteriormente. Ele tinha uma filha do primeiro casamento, a tia Salete, e minha avó três: os tios Reinaldo, Roberto e Rui.

Eis que eles começaram a namorar e meu avô foi pedir minha avó em casamento. Ele estava sentado com ela, arrancou um pedaço de mato que estava perto e colocou no dedo anular da mão esquerda para medir qual seria o tamanho da aliança. Ela perguntou para quê era aquilo e ele contou que queria pedi-la em casamento. Segue o seguinte diálogo segundo Dona Maria contava, já que não conheci meu avô.

- Olha aqui Severino, a gente está junto e não quero ninguém dizendo por aí que enganei ninguém, não. Sou preta, pobre e tenho três filhos para criar (Sentiu de onde vem certos momentos de sutileza de Eliane Santos, né?).

- Eu sei disso, e não te perguntei nada. Só pedi a sua mão para medir o tamanho da aliança. (Vóvis, era foda.. rs)

Enfim, depois desse momento ultra-romântico, eles casaram e tiveram mais dois filhos. Mamis (comigo na foto ao lado), que chama Maria também (graças a Deus escapei da sina de perpetuar o nome Maria na família) e meu tio David... Fico devendo a foto de Dona Maria I, a casadoira

Eles viveram muito felizes até o dia em que meu avô morreu do coração. Mas nunca ouvi minha avó falando mal do meu avô. Ele era um homem bom, justo, trabalhador e que vivia brigando com minha avó para tirar os filhos do primeiro casamento do colégio interno para viverem com eles (Ela já os tinha por lá já há algum tempo e não quis mudar o esquema depois que casou de novo).

Enfim... Seu Severino morreu do coração, dormindo, feito um passarinho como minha avó costumava contar. É isso que eu quero... nem luxo, nem lixo... Apenas um homem que enxergue quem eu sou de verdade, que me ame por isso e, se der, que consiga pedir minha mão em casamento com um gesto tão singelo e original. Dava ou não dava uma história de cinema?

3 comentários:

Fernanda disse...

Sugiro um filme Os 3 filhos de Severino! rs Falando sério, essa história dava um super roteiro!!
bjs Fernanda

Eliane Santos disse...

huahuha... e te digo mais... dava os três filhos de Severino parte II... Segunda Geração.. Daí, apareço, e já viu, né? rs.. váriassssss histórias..rs

Bibi disse...

Muito linda a história! Sei lá, não vi uma coisa de Três filhos de... não. Vi uma coisa mais Central do Brasil. Não no tipo de filme, mas no desenrolar do enredo da história. Imagina como eles se aproximaram, imagina em quais são as percepções de um cego em relação a outra pessoa... O apaixonar-se dele passa tão longe do que é físico e o que é físico, hoje, está tão na frente de tantas outras coisas que são de extrema importância. O amor é uma busca, não tem jeito! E é um encontro sem data marcada no relógio do tempo.