terça-feira, 30 de junho de 2009

Beleza Pura

Está vendo a foto ao lado? Pertence a uma das mulheres mais bonitas do século XX(na minha singela opinião). Pertence à Farrah Fawcett, atriz norte-americana que morreu na última quinta-feira vítima de um câncer. Na década de 70, ela tornou-se famosa por ser uma das estrelas do seriado “As Panteras” ou “Charlie’s Angels”, na versão original.

Mas não quero falar sobre a carreira de Farrah, não. Sobre isso os jornais já falaram à exaustão. Queria falar sobre a foto do post. Reparou bem nela? Notou que existem duas ligeiras protuberâncias na barriga da atriz(vulgo pneuzinho)? E na coxa, percebeu que existem algumas manchas? Provavelmente pelo fato dela ser muito branca, alguns vasos sanguíneos fizeram-se notar nessa região. Pois bem, trata-se de uma foto pré era do Photoshop. Quando as pessoas não exigiam a perfeição. Nem os editores de revistas de celebridades podiam entrar na paranóia de agradar às suas estrelas a qualquer preço. E, no entanto, Farrah aparece linda. Perfeita. Humana e possível. Como seria bom uma terra com menos gente perfeita, com menos andróides querendo ficar uns iguais aos outros e com mais gente bonita de verdade.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Cotidiano

Senhorinha de aparentemente 52 anos na fila da farmácia paga tintura de cabelo, comprimidos quando, sorrateiramente, “colhe” um pacote de camisinhas do mostruário do caixa para acrescentar às suas compras. A princípio pensei: “Veja que danadinha! Ativa e prevenida!”. Depois, saquei que ela estava com um garoto, adolescente do lado. Tinha pinta de ser filho. Com uns 17 ou 19 anos. Ele, meio que de longe, observava tudo e aprovava com o olhar. Daí, pensei: “Que espertinha! Viu que o pacote de camisinha é mais barato que o pacote de fralda descartável”.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

A idade do querer, do poder e da razão

O ser humano atravessa três fases em sua vida: a do querer, a do poder e a da razão. A primeira aparece na adolescência quando você quer abraçar o mundo com as mãos, mas obviamente não tem condições de discernir o que deve ou não ser abraçado. Além disso, costuma ter dois elementos chamados pai e mãe que te proíbem de distribuir boa parte desses abraços. Sobra frustração e a promessa louca de que, assim que puder, você vai fazer tipo naquela música do Titãs “não é que eu vou fazer igual, eu vou fazer pior”.

Depois, vem a idade do poder, quando você pode realmente fazer o que quer, tocar seus rock ‘n’ roll por aí. Alguns fazem tudo e mais um pouco do que ficou guardado da idade do querer. Outros já pisam com mais cuidado pelo caminho. Afinal, o tempo passa e a poupança Bamerindus nem sempre continua numa boa. Você cresceu, meu chapa! E seguro morreu de velho. Melhor experimentar apenas as aventuras que te garantam uma sobrevida e a possibilidade de contar tudo para os netos. Mas lembre-se: sair chamuscado está valendo!

Já a idade da razão é quando você percebe que nem sempre precisa se jogar de cabeça para sentir que está vivo de verdade. Você passa a saber exatamente a hora de pular fora do barco. Mesmo que ele até dê um balanço bom, saberá que o bote está afundando. Passa também a valorizar as coisas que são de verdade, as que ficam e as que valem a pena. O caminho? Longo, tortuoso, às vezes divertido, e se chama vinda. Bem-vido vindo às três fases!

terça-feira, 23 de junho de 2009

Manual da Mulher Resolvida

*Se ele se interessou, ele liga! É isso mesmo!Quando o cara quer, não tem projeto importante, morte de tia ou trânsito maluco que o impeça de convidar você para sair.

*Passou uma semana sem ouvir notícias dele?
Esquece, parte pra outra!
Ligar para saber se está tudo bem, nem pensar!
Homem perdido merece ser encontrado morto no apartamento e pelo zelador do prédio, porque os vizinhos não agüentam mais o fedor de carniça...

*Vocês saíram e ele não ligou mais?
Foi por que você cedeu? Ou por que não cedeu?
Na verdade, pouco importa.
Se ele estava a fim de sexo e rolou, ótimo!
Sexo é que nem pizza: bom-até-quando-é-ruim...
Mas se você não cedeu, ele provavelmente não procurou mais porque achou que ia dar muito trabalho...
Ou seja, pare de se atormentar porque transou ou não!!!

*Duas lições:
Dar uma de difícil depois de uma certa idade, já era!!!
Ridículo mesmo é fazer tipinho!!!
E, além do mais, você vai se arrepender de ter cedido e de não ter cedido...

*Homens comprometidos: Diga não!!!
A relação dele está em crise? Péssimo!!!
Só falta oficializar o fim? Ótimo!
Se ele quiser continuar infeliz, dane-se!
Senão, ele termina de uma vez e, depois, procura você, combinado?

*Ouviu aquela clássica: 'Você é boa demais para mim'?
Acredite, amiga! É mesmo!!!
Descarte o cidadão e pare de bancar a Madre Tereza de Calcutá!

*Não tente
Não dá pra namorar um cara pelo qual você não tem um mínimo de admiração.

*Traição
Não continue com um cara que chifrou você... você não vai agüentar a onda de ser traída de novo.
E olho vivo se ele já foi infiel com outras.
A gente sempre acha que com a gente vai ser diferente...
Esqueça!!! Nunca é!!!

*E atenção! A fila anda!!!
Pior do que nunca achar o homem certo, é viver pra sempre com o homem errado...

*Nosso lema a partir de hoje: homem que não dá assistência abre concorrência e perde a preferência!

(Ok, ok, não me xinguem!Esse blog não é um engodo... Sei que já publiquei esse texto.. mas ele é tão bom... e tão atual(rs).. que achei que valia o 'Vale a perna ver de novo'..rs)

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Entreouvido por aí

"Esperança, para mim, é aquele bichinho verde parecido com grilo"

domingo, 21 de junho de 2009

E agora, José?

A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,

e agora, José ?
e agora, você ?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama protesta,
e agora, José ?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José ?

E agora, José ?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio - e agora ?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora ?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse…
Mas você não morre,
você é duro, José !

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José !
José, pra onde ?

Carlos Drummond de Andrade.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Saudades...

O que é a felicidade?

O que é a felicidade? Ela é algo sólido que se constroi ao longo da vida? Ou algo pequeno, mas que pode pontuar cada instante por mais fugaz que ele seja? Daí vale tudo para ser feliz nem que seja por um momento? Ou melhor dispensar certas coisas em busca de algo maior?

Pensando nisso, lembrei do acidente com o Airbus da Air France e do casal recém-casado que estava nele. Acho que dá para dizer que eles morreram felizes. Vinham de uma noite memorável, da realização de um sonho e da celebração disso com pessoas queridas. É claro que esse sonho podia ter durado mais... Mas não sabemos o quanto dura a vida de cada um.. Sabemos apenas que se conseguirmos ser feliz e amado ao menos um dia na vida, isso já nos credencia a dizer que valeu a pena, que tivemos uma vida menos medíocre.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Aula de química para amantes

Lembra das aulas de química no segundo grau? Quando você aprendia que às vezes um elemento precisa ceder um elétron para outro para poder se equilibrar? Pois bem, a mesma dinâmica acontece quando você quer dar prazer ao outro.

Sabe a expressão “os dois têm química”? Então, trata-se apenas disso: um elemento disposto a doar beijos, abraços, afagos, carinhos diversos e outro disposto a receber. E o melhor: quanto mais se doa, mais se recebe... em tesão, desejo, vontade de se doar também... a única equação que não funciona é quando os dois querem receber.... daí, entra a física.. sinais iguais se repelem... menos quando os dois querem doar.... isso é a perfeição...

Lembrei disso ao tentar ensinar química a uma sobrinha postiça. Queria dar esses exemplos práticos para ela, mas, como ela é muito novinha ainda, resolvi desaguar minha “inspiração” por aqui, no É Tudo Verdade...

E pensar que eu achava química chata no segundo grau...rs

domingo, 14 de junho de 2009

De volta ao jogo!

Então, minha carência/mau-humor foi motivada por um plantão de madrugada, debaixo de uma friaca horrível que só fez piorar uma gripe que não me abandona há duas semanas. O mix resultou em um sábado jogado fora, destinado a recuperar as forças e a conter uma febre chata que teimava em aparecer.

Foi dia também de eu me sentir um cadinho culpada... Afinal de contas, era dia de Santo Antônio, meu “padim” que, tal qual contado em posts atrás, me ajudou a concluir mais uma empreitada da minha vida nesse dia 13 de junho. Isso mesmo, caros amigos, o barraco ainda não está pronto (falta pintar e colocar portas e janelas..rs), mas pelo menos a parte da construção já está paga. Foi a última parcelinha! E que venha a prestação da Caixa Econômica! Rs.

Daí, diante de tamanha ingratidão, coloquei meu chapeuzinho(nada de tomar sereno na cabeça), meu casaco e fui lá agradecer pessoalmente a força! Agradeci, chorei, me acalmei, rumei para o trabalho (de novo na madruga!) e agora estou eu aqui, às 8h da manhã de domingo, em paz, tranquila e escrevendo esse post para tirar as más impressões do anterior. Porque, como já dizia minha avó, nada como dia após o outro. Nada como a manhã depois do choro da noite, nada como a aspirina e a coristina depois da gripe, nada como palavras otimistas no “É Tudo Verdade” depois de um monte de baboseira e nada como a paz em nossos corações. Bom domingo para todos!

sábado, 13 de junho de 2009

Dá um tempo!!

Já experimentou um daqueles dias em que você acha que se morresse ninguém sentiria sua falta? Pois bem... Estou em um dia desses... E a idéia de morrer às vezes parece até agradável. Só para ver quem iria ao seu enterro. Só para ver quem choraria de verdade. Só para ver quem diria “Cara, ainda não era hora de você partir! Tínhamos tantas coisas para fazer”.

É claro que enterro também não é um bom termômetro. Tem tanta gente falsa que vai só para fazer presença. Só para dizer “Nossa, ela era tão boa pessoa, né? Não merecia”. Boa pessoa o escambau! Ninguém é boa pessoa. Todo mundo já tacou pedra no gato ou no cachorro, já falou mal do vizinho ou fez coisas maiores... coisas que boas pessoas não fazem. Além do que, todo mundo sabe que um dia vai morrer... Enfim... não estou em um bom dia... Precisava desabafar... e o É tudo Verdade estava aqui... pertinho.. sentindo a minha falta... sucumbi!

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Sobre meninos e lobas

Na repartição jornalística em que trabalho, existe a chamada hora do recreio. É aquele momento em que os chefes já foram embora e o senhor Caio Barbosa, membro graduadíssimo da pilantragem e colega de “sirviço”, começa a soltar pérolas que fazem todos rirem – em geral se encabularem também -, e nos estimula a acompanhá-lo falando meia dúzia de besteiras.

Pois bem, na última sexta-feira, estou eu de saída para a “night” quando ele dispara:

- Tá bonita Lili, qual a cor da sua calcinha?

Conhecendo a figura, nem me abalei e respondi:

- Caio, nem lembro mais. Mas vamos por dedução! Hoje é sexta-feira e, se você fosse uma mulher, que tipo de calcinha escolheria para um dia como esse?

- Hum... deixa eu pensar.. Acho que branca. Braquinha é legal.

Fiquei sem reação. Estava diante de uma “puta velha”, como se dizia antigamente, me falando que se fosse mulher usaria calcinha branca????

Perguntei por que branca e ele disse que não sabia, que achava bacana. Disse a ele que esperava que me respondesse preta ou vermelha. Daí ele disse que preta talvez, vermelha, não... muito agressiva, bege jamais(seria uma mulher de bom gosto, pelo menos), mas que a branca combinaria mais com sua alma feminina.

Resumo da ópera: quando eles idealizam a mulher que seria, ou uma mulher legal, não só aquela para comer, eles querem que seja uma com todos os traços de feminilidade, de mulherzinha mesmo (não que seja aquela chata, cri-cri), mas que seja gente boa e fofa antes de tudo. Mulher.

Ah... e a minha calcinha era rosa.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Solta o som, DJ!

Então, zanzando pela net, achei a referência de um site que mostra quais eram as 100 músicas mais tocadas no ano em que você nasceu. E nem precisa ficar preocupado! O Planeta Rei, o site, mostra todos os sucessos desde 1904 até 2008, até você, bem velhinho, pode brincar(rs).

Entreouvido por aí

"Mulher é um bicho tão esquisito, mais tão esquisito, que provoca curiosidade até nelas mesmas"

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Viva, Santo Antônio!!!


Luxo só Maria Bethânia cantando em homenagem a Santo Antônio! Mês de junho, mês de Toinho, juntamente com São João e São Pedro... Mas, como vocês já sabem, tenho uma relação toda especial com o santo casamenteiro... e nem é por esse lance, não.. pq se dependesse disso, a gente já tinha brigado feio..rs! Viva Santo Antônio!!

domingo, 7 de junho de 2009

Entreouvido por aí... (sobre sexo oral)

Depois de rolar de rir com o post da Lu Barcellos, do Enfim.. Conversava com ela sobre as peripécias de seus filhos quando ela me contou:

"Você tinha que ver no dia em que ele me perguntou se sexo oral era era feito de hora em hora."

Não é bonitinho?rs

Tem coisas que só o Arlindo faz por você...

Sobre a morte...

Acho que a parte mais difícil em lidar com a morte é saber que nunca mais terá aquilo que morreu. Você não terá outra chance. Não poderá fazer de novo, nem consertar ou tentar outra vez.

A primeira vez que lidei com ela foi quando perdi a minha chupeta. Sim, foi uma perda irreparável e nunca mais a vi. Eu devia ter uns quatro ou cinco anos e meu pai há tempos prometia tirá-la de mim. Minha mãe me protegia, mas dizia que o dia em que eu a perdesse, não compraria outra. Aquela seria a última.

Pois bem, estava eu na janela, em um dia de chuva, quando, brincando com os pingos d'água que caíam do telhado, minha chupeta caiu em uma poça de água – sim, isso era na época em que as janelas não tinham grades, mas não sou tão velha assim.

Imediatamente olhei para o meu pai - que era quem estava comigo em casa, e tinha visto toda a cena -, com um olhar de pânico que suplicava para que ele pegasse a chupeta, lavasse e tudo bem... mas ele imediatamente retrucou:

- Nem adianta chorar. Acabou! Essa era a última e ninguém mandou você deixar ela cair lá em baixo.

Pronto. Tudo acabado entre mim e minha chupeta querida. Fiquei lá, olhando ela na água e me perguntando arrependida porque tinha deixado ela cair.

Depois, com o passar do tempo, vi que a perda também se aplicava à pessoas. Minha primeira foi com a minha avó. Estranhei muito. Ainda mais porque junto da perda vinha o ritual bizarro do enterro e a possibilidade de os mortos puxarem o seu pé. E a ideia de que nunca mais veria minha avozinha querida, de que não iria mais à casa dela para vê-la e que ela havia se transformado em um ser mau a ponto de puxar o pé da própria neta de noite não foi legal.

Mais adiante ainda você aprende que a ideia da morte e da inconstância te ronda o tempo todo. É assim quando você tem que esquecer alguém, desistir de um projeto...
Já me acostumei com a morte... Agora, tento apenas me acostumar com a ideia da eutanásia, que é quando você tem que matar algo que você até gosta muito, mas sabe que não vai vingar, que vai trazer sofrimento... Daí, conclui-se que é melhor acabar logo. Mas dói demais... Cortar a própria carne em nome de uma dor menor...

Mas vai passar... quem consegue esquecer da chupeta, o primeiro amor da vida de uma pessoa, consegue esquecer (quase)todos os outros...rs

quinta-feira, 4 de junho de 2009

A Velha Contrabandista

Diz que era uma velhinha que sabia andar de lambreta. Todo dia ela passava pela fronteira montada na lambreta, com um bruto saco atrás da lambreta. O pessoal da Alfândega - tudo malandro velho - começou a desconfiar da velhinha.

Um dia, quando ela vinha na lambreta com o saco atrás, o fiscal da Alfândega mandou ela parar. A velhinha parou e então o fiscal perguntou assim pra ela:

- Escuta aqui, vovozinha, a senhora passa por aqui todo dia, com esse saco aí atrás. Que diabo a senhora leva nesse saco?

A velhinha sorriu com os poucos dentes que lhe restavam e mais outros, que ela adquirira no odontólogo, e respondeu:

- É areia!

Aí quem sorriu foi o fiscal. Achou que não era areia nenhuma e mandou a velhinha saltar da lambreta para examinar o saco. A velhinha saltou, o fiscal esvaziou o saco e dentro só tinha areia. Muito encabulado, ordenou à velhinha que fosse em frente. Ela montou na lambreta e foi embora, com o saco de areia atrás.

Mas o fiscal desconfiado ainda. Talvez a velhinha passasse um dia com areia e no outro com muamba, dentro daquele maldito saco. No dia seguinte, quando ela passou na lambreta com o saco atrás, o fiscal mandou parar outra vez. Perguntou o que é que ela levava no saco e ela respondeu que era areia, uai! O fiscal examinou e era mesmo. Durante um mês seguido o fiscal interceptou a velhinha e, todas as vezes, o que ela levava no saco era areia.

Diz que foi aí que o fiscal se chateou:

- Olha, vovozinha, eu sou fiscal de alfândega com 40 anos de serviço. Manjo essa coisa de contrabando pra burro. Ninguém me tira da cabeça que a senhora é contrabandista.

- Mas no saco só tem areia! - insistiu a velhinha. E já ia tocar a lambreta, quando o fiscal propôs:

- Eu prometo à senhora que deixo a senhora passar. Não dou parte, não apreendo, não conto nada a ninguém, mas a senhora vai me dizer: qual é o contrabando que a senhora está passando por aqui todos os dias?

- O senhor promete que não "espaia"? - quis saber a velhinha.

- Juro - respondeu o fiscal.

- É lambreta.

***
Li esse conto de Stanislaw Ponte Preta pela primeira vez quando estava na quinta série. Ele fazia parte de uma das lições do meu livro de português. Nunca mais esqueci. Eis que me lembrei dele esses dias porque estou vivendo uma situação assim. Tenho certeza que estou diante de um contrabandista, só não consegui identificar o produto do contrabando. Amigos mais chegados irão dizer que é a minha velha mania de ser pé atrás, de desconfiar de tudo.. pode até ser, mas prudência e canja de galinha nunca fizeram mal à ninguém. E depois, se me contar qual é o contrabando, deixo passar todo dia na alfândega(risos).

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Love story

Ando meio sem inspiração para escrever... Coisa de um momento chatinho que estou passando na vida... Daí, enquanto não vem a vontade de escrever, estou lendo.. Vi esse texto do João Ximenes Braga, no Globo de sábado, 30, e achei fofo. Trouxe para cá, para tentar trazer uma pouco de esperança para esses corações modernosos(risos).

Love story

Ela, brasileira. Ele, canadense, morador de Paris. Conheceram-se numa sauna gay no Rio e, creiam-me, esta é a parte “normal” da história. Naquele dia, a sauna estava fechada para uma festa particular de aniversário. Ele, turista, tinha um amigo em comum com a aniversariante. Ela estava curtindo uma recém-separação.


A primeira troca de olhares na sauna gay já era de amor à primeira vista, mas certa timidez de ambos os lados retardou um pouco a explosão. Até que um casal amigo dela decidiu se impor: na saída da sauna, o sol já nascendo em Ipanema, arrastaram os tímidos para um quiosque da praia. Tomaram um café-da-manhã de levedo e cevada. Até que os cupidos foram embora, deixando nossa protagonista a sós com o canadense. Não demorou muito, estavam na casa dela. Coisa de quem tem idade para virar a noite de sábado e ainda transar o domingo inteiro.

Ele voltou para Paris apaixonado, começaram a manter uma relação via internet, ele insistindo para vê-la de novo.

A partir daqui, acabou a parte “normal” da história.

Vamos ao esquisito: ele a chamou para passar o Natal com ele no Canadá. Com ele e a família dele. Pai, mãe, cachorro, o bagulho todo.

Um primeiro encontro na sauna gay, tudo bem, mas um segundo encontro com a família? Três semanas de sexo via webcam e já está apresentando para a mãe? Qualquer homem normal espera um tempo antes de apresentar a namorada à família. No mínimo uns seis meses. De preferência duas décadas.

Os amigos da moça ficamos deveras preocupados.

— Esse cara é um pervertido.

— Vai te vender como escrava sexual.

— Vai te emparedar no porão, que nem aquele velho da Áustria.

— Vai é botar você pra lavar a roupa da família toda, isso sim. Brasileira, tá achando o quê?

Agora começa a parte muito esquisita da história.

Ela foi passar o Natal com a família dele e todos aqui ficamos apreensivos por notícias, já pensando em contatar a embaixada brasileira no Canadá, a Interpol, a milícia de Rio das Pedras, qualquer coisa. Mas ela voltou com relatos de um conto de Natal com flocos de neve e velhinhos canadenses sorridentes e receptivos.

Os amigos da moça ficamos divididos.

— Que alívio!

— Alívio? Que mãe é essa que recebe em casa uma namorada bra-si-lei-ra e acha normal? Aí tem!

Não à toa, quando a moça começou a ter pequenos problemas de saúde e descobriu estar com concentração de alumínio no sangue, os amigos fizemos coro:

— Envenenamento, ele tá envenenando você!

Seja como for, o namoro transatlântico está para fazer seis meses de webcam e alguns poucos encontros de carne e osso. E parecia ter entrado na normalidade. Pelo menos assim eu acreditava, até reencontrar a moça por esses dias. Lá pela segunda garrafa de cerveja, alguém na mesa fez a pergunta fatal:

— E aí, como vai o canadense?

Ela suspirou. Levou as mãos à cabeça para fazer um pouco de drama, enrolou com a história para um tanto de suspense e, por fim, soltou:

— Ele tá me enchendo o saco para ir morar em Paris.

— E a parte ruim de morar em Paris é…

— Que ele quer ter filho!

— Com você? Agora?

— É, agora. Quer que eu mude pra Paris rápido porque quer ter filho logo. Cismou que, na idade em que ele está, já devia ser pai.

— E quantos anos ele tem?

— Trinta e três.

Fez-se silêncio na mesa. Silêncio pesado. Demorado. Até que alguém disse:

— Só me faltava essa agora… Homem com relógio biológico.

Outro acrescentou, pesaroso:

— Gostava mais dele quando era um psicopata que ia te vender como escrava sexual.

A moça apenas suspirou, concordando.